Conta-se a respeito de um mestre budista iluminado que estava sentado à margem de um rio numa tarde, apreciando o gorgolejar da água, o som do vento assobiando entre as árvores...
Um homem veio e perguntou a ele: — Você pode sintetizar numa única palavra a essência da sua religião?
O mestre permaneceu em profundo silêncio, como se não tivesse ouvido a pergunta.
O homem então disse: — Você é surdo ou o quê?
O mestre respondeu: — Eu ouvi a sua pergunta e a respondi também! O silêncio é a resposta. Eu fiquei em silêncio... essa pausa, esse intervalo, foi a minha resposta.
O homem disse: — Não consigo entender uma resposta tão misteriosa. Você não pode ser um pouco mais claro?
Então o mestre escreveu na areia "meditação", com letrinhas pequenas, usando o próprio dedo.
O homem disse: — Posso ler agora. Ficou um pouco melhor do que a princípio. Pelo menos eu tenho uma palavra sobre a qual refletir. Mas você não pode deixar um pouquinho mais claro?
O mestre escreveu novamente "meditação". Claro que dessa vez ele escreveu em letras maiores.
O homem ficou meio embaraçado, intrigado, ofendido, com raiva. Então disse: — Mais uma vez você escreve meditação? Não pode deixar um pouco mais claro para mim?
E o mestre escreveu em letras ainda maiores, em maiúsculas: "MEDITAÇÃO".
O homem disse: — Você parece louco!
O mestre respondeu: — Eu já fui longe demais. A primeira resposta estava certa, a segunda não estava tão certa, a terceira estava ainda mais errada, a quarta já estava completamente errada.
Pois, quando você escreve "MEDITAÇÃO" com letras maiúsculas, você faz dela um deus. É por isso que a palavra "Deus" se escreve com D maiúsculo. Sempre que você quiser fazer de algo uma coisa suprema, definitiva, você escreve com letras maiúsculas.
O mestre disse: — Eu já cometi um pecado. — Ele então apagou todas as palavras que escrevera e disse: — Por favor, ouça minha primeira resposta; só assim sou verdadeiro.
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