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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Fique quieto, por Papaji

Que haja Paz entre todos os seres do Universo.
Que haja Paz. Que haja Paz.
Om Shanti, Shanti, Shanti.
Namaskar, Namaskar, Bem-vindo. Bem-vindo ao Satsang.

Fique quieto.
Fique quieto.
Fique quieto.

Eu tomo nesta manhã este assunto porque recebi algumas cartas do ocidente, daqueles que ouviram áudios e assistiram vídeos cassetes. Então, isto trouxe-me à falar nisto que eu frequentemente falo.

Um homem da Alemanha disse: "Apesar de nós não termos nos encontrado fisicamente, suas palavras no vídeo que eu vi - as palavras eram "fique quieto, fique quieto, fique quieto" - eu não posso nem falar do efeito dessas palavras, e o que aconteceu comigo após eu tê-las ouvido. Aconteceu esta quietude da qual eu nunca havia lido em nenhum livro, que eu tenho buscado por toda minha vida." E ele disse: "Os professores também não se utilizam dessa palavra, e isto é de tal força que teve um tremendo efeito sobre mim, e eu fiquei quieto".

Então nós falaremos disto, o que é esta quietude e como obtê-la ou praticá-la.

Primeiramente, há uns sete mil anos atrás, Arjuna perguntou a Krishna: "Como aquietar a mente? Ela é exatamente como o vento e não se pode pegá-la com as mãos, ela é tão turbulenta. Como controlá-la, como aquietá-la?" Então a resposta de Krishna foi muito simples: "Isto pode ser conseguido com desapego e prática."

Estas duas palavras são muito importantes.

Desapego, ou Vairagya. Então como o desapego pode vir facilmente? Todas as pessoas, qualquer uma, quer desfrutar dos objetos dos sentidos. Isso envolve todos; todos os seres estão envolvidos em gozar dos sentidos. Talvez vendo, ouvindo, cheirando, tocando, saboreando...

Então como desapegar nossa mente destas coisas? E como isto pode trazer quietude? Quando você souber que todos estes objetos não lhe trazem nenhum descanso ou paz. Então, mais e mais, pense nisto: "isto, que eu tanto gosto, não me dá real satisfação". Novamente, eu quero repetir; novamente, eu quero repetir; mas eu ainda não consegui paz. Agora você está criando uma espécie de desgosto para com isso, para com esses objetos. Agora você irá querer desapegar-se dessa coisas, porque elas não lhe deram paz ou relaxamento.

Um santo Telegu, um santo-poeta muito famoso de 500 anos atrás. Seu nome era Tyagaraja. As pessoas que se interessam por música conhecem muito bem esse nome, Tyagaraja, o rei dos cantores, o rei dos músicos. Ele também disse "sianta malaika sowkya malaidu", isto é em Telegu. "Quando não há quietude, nem o reinado todo pode trazer-lhe felicidade". O que ele diz é que quando nós sabemos que os objetos sensoriais não vão trazer-nos permanente felicidade nós vamos lentamente retirando nossas mentes desses objetos.

Continuamente, até nos Vedas isto é declarado, "yatra yatra manayadhi, tatra tatra samadhyd" — sempre que a mente entra em contato com objetos sensoriais, traga-a de volta, traga-a de volta para a paz, traga-a de volta para a quietude. Acalme-a, onde quer que ela for, sempre que ela for, seja muito cuidadoso e traga-a de volta, porque você tem visto que estes objetos sensoriais não trazem paz para você.

Portanto, esta é a Abhyasa, a prática, que Krishna falou a Arjuna. Desapegue, onde quer que a mente vá, separe-a dos respectivos objetos sensoriais, denovo e denovo. Então, lado a lado, isto agora é desapego e, lado a lado, o desejo pela sabedoria de Brahman e a liberdade, o desejo por liberdade, ambos devem estar correndo juntos. Desapegue-se dessas coisas que não são permanentes e descanse no que é permanente, sempre.

Então estes devem correr juntos, ambos. Desejo por liberdade e desapego dos sentidos. E seu foco nisso, em Brahman, no desejo pela realização da iluminação, "aqui e depois" refletindo sempre no "aqui e aqui"; há o desejo, então deseje uma vez mais, e mais uma vez desde que esse desejo tenha vindo à sua mente.

Você deve ter despendido milhões de anos para que esse desejo por liberdade tenha surgido em você. Então ouça e reflita sempre sobre isto, medite nisto. Este processo precisa continuar. Sempre. Porque algumas pessoas dizem: "O que acontecerá quando nós retornarmos para casa? Aqui nós estamos bem, porque é o que nós ouvimos todo dia".

A reflexão deve continuar, sempre. Portanto, sente-se onde quer que esteja, medite no Eu, em Brahman, na Verdade, na Paz, em Shanti. Então sempre você estará envolvido com isto. Entre amigos você também fala sobre isto. Esta é a forma que você deve expender seu tempo neste Universo. E aqueles que não conseguem seguir este caminho terão que esperar. Aqueles que instantaneamente captam este instante, eles têm uma tremenda montanha tão larga quanto as montanhas do Himalaia; estes são os méritos de vir ao Satsang.

E aqueles que estão aqui e querem escapar e ir a algum outro lugar - isto significa que em suas prévias vidas algo não foi muito bom - são necessidades do Karma, que os levarão a um próximo nascimento. Esta é a causa deles escaparem do Satsang; alguns querem ir embora, para seus centros anteriores; isto é o que eu estou ouvindo. Lá eles encontraram muita paz, muita felicidade, muita alegria e muito amor dos seus amigos. Então eu aconselho-os: "vão embora".

Este lugar, este Satsang não é para eles. Eu não sinto falta deles. Este é o peso do karma. Eles devem trabalhar um pouco mais, mais algumas encarnações. Estas pessoas que estão aqui no Satsang - e não é a primeira vez que eles vêem para Lucknow - eles já tem seus méritos, já tiveram milhares de encarnações seja lá onde estiveram. Isso é que os trazem para sentar aqui em Satsang. Talvez sejam muito poucos, mas não tem importância. Os outros terão que esperar. Por isso que isto não tem funcionado, entende?

Todos os santos têm declarado que você precisa de karma, bons karmas, realizações, e hoje você vem aqui para o Satsang para aquietar-se. Até Buddha teve, ele mesmo disse, milhares de encarnações. Ele falou sobre suas muitas encarnações para Ananda. Então, desta vez, em sua última vida finalmente, quando ele nasceu como Gautama, como Siddharta, ele decidiu intantaneamente ficar quieto. Uma visita fora do templo: doenças, velhice, morte, foi o suficiente.

Isto é o que eu falo de desapego dos prazeres sensoriais. Uma volta por aí, e imediatamente a decisão: "Não, eu não quero este tipo de vida". E retorna para casa. 

Agora, outra forma de desapego - isto é o que os santos tem falado - que é o melhor apego para os homens: casa, esposa, filho... isto é tudo. O santo Tukaram disse: "Observe o apego: casa, esposa, filho". São todo tipo de apego. Ele fala da esposa... não há maior apego para um homem. E para a mulher: o marido; a mesma coisa. A prosperidade, ou como voce chamar isso: casa, desejo pelo mundo, Sansara. O filho, o maior desejo do homem, para continuar sua linhagem. Então essas as três palavras mencionadas por Tukaram que compreendem toda a coisa.

Assim como Buddha acordou, retorne. Ele viu a natureza da vida, afastou-se dos apegos: esposa, filho, palácio e saiu afora. Fique quieto agora, embaixo da Árvore Bodhi... fique quieto. Isso foi o que Buddha experenciou nesta vida e ele estava livre. Isto é ficar quieto.

Kabir, outro santo-poeta tambem disse: "Acalme sua mente, sua fala, seu intelecto e depois..."

Que assunto! (risada)

Papaji
Setembro de 1992, Satsang em Lucknow

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