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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O que você atrai? por Osho

Você só recebe aquilo que tem, porque aquilo que você tem se torna uma força magnética, atrai algo semelhante.

É como um bêbado que chega a uma cidade: logo ele vai encontrar outros bêbados.

Se um jogador chegar a uma cidade, logo ele se tornará conhecido dos outros jogadores.

Se um ladrão chegar a uma cidade, logo ele encontrará outros... ladrões.

Se um buscador da verdade chegar à cidade, ele vai encontrar outros buscadores.

Tudo que criamos em nós se torna um centro magnético, cria certo campo de energia. E nesse campo de energia as coisas começam a acontecer.

Assim, se você quer as bênçãos da existência, deve criar toda a bem-aventurança de que for capaz, deve dar o máximo de si, então uma bem-aventurança multiplicada por mil será sua.

Quanto mais você tiver, mais receberá. 

Quando esse segredo for compreendido, você ficará cada vez mais rico interiormente, sua alegria será cada vez mais profunda.

E não há fim para o êxtase - você tem apenas de começar na direção certa. 

Por Osho



domingo, 28 de outubro de 2012

Não existe mente silenciosa, por Osho

A mente é uma ilusão.

Ela não é, mas parece ser, a tal ponto que você se confunde com ela!

A mente é maya, é só um sonho, uma projecção... uma bolha de sabão!

As pessoas falam em atingir 'um estado silencioso da mente', pensando que a mente pode se calar. A mente nunca se cala, pois ela significa o conflito, o tumulto, a tensão, a enfermidade.

Ela não silencia, quando há silêncio, a mente não está alí! Quando o silêncio chega, a mente desaparece; quando a mente está, não há mais silêncio. Assim, não pode haver uma mente silenciosa, como não há uma doença saudável.

Então, por favor, abandonem esta ilusão!

É como se você estivesse pensando em viajar sobre o arco-íris e me perguntasse: 'Que passos devo dar para subir no arco-íris?' Resposta: 'Nenhum, o arco-íris é só um aparição, assim, nenhum passo pode-se dar'. Um arco-íris simplesmente aparece, não é uma realidade, é uma falsa interpretação da realidade.

A mente não é sua realidade, é uma falsa interpretação. Você não é a mente e nunca poderá ser. Este é o problema, identificar-se com algo que não existe.

Um mendigo acredita possuir um reino e está sempre preocupado demais com o palácio, em como administrá-lo, como governá-lo, como protegê-lo, etc. Faz tantos planos. Todavia, não há nenhum reino, mas ele permanece preocupado!

Osho em "Conversas Sobre o Zen".


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Superando as emoções, por Osho

O único problema com a tristeza, com o desespero, com a raiva, com a falta de esperança, com a ansiedade, com a angústia, com a infelicidade, é que você quer se livrar dessas emoções. Essa é a única barreira.

Você terá de conviver com elas. Não pode fugir, simplesmente.

Elas são situações nas quais sua vida tem de se integrar e crescer. São desafios da vida. Aceite-as. Elas são bênçãos disfarçadas. Se você fugir delas, se quiser se livrar delas de algum jeito, você criará problema – pois, quando quer fugir delas, você não olha para elas diretamente.

Uma estrela da Broadway estava visitando alguns amigos quando, como de costume, a conversa começou a girar em torno da psiquiatria. "Devo dizer", disse a anfitriã, "que o meu analista é o melhor que existe! Você não pode imaginar o que ele fez por mim. Você tem de conhecê-lo".

"Mas eu não preciso de analista", disse a estrela. "Eu não poderia ser mais normal – não há nada de errado comigo". "Mas é simplesmente fabuloso", insistiu a amiga, "ele encontrará alguma coisa errada em você".

Existem pessoas que sempre encontrarão alguma coisa errada em você. O segredo da profissão delas é descobrir o que há de errado em você. Elas não podem aceitá-lo como você é; elas dão a você ideais, ideias, ideologias, e farão com que se sinta culpado, uma pessoa imprestável, sórdida.

Elas farão com que você se sinta tão condenável, aos seus próprios olhos, que você esquecerá tudo sobre liberdade.

Na verdade, você passará a ter medo da liberdade, pois verá o quanto você era ruim, o quanto estava errado – e, se for livre, você acabará fazendo alguma coisa errada, então é melhor seguir alguém. O padre depende disso, o político também. Eles mostram a você o certo e o errado, ideias fixas, e então você passa a viver com culpa para sempre.

Eu digo a você: não existe nada que seja certo e nada que seja errado.

Se você está com raiva, o padre lhe dirá que isso não está certo, você não pode ficar com raiva. O que você faz, então? Você pode reprimir a raiva, sentar-se sobre ela, engoli-la, literalmente, mas ela continuará em você, no seu organismo.

Engula a raiva e você terá úlceras no estômago; engula a raiva e, mais cedo ou mais tarde, você terá câncer. Engula a raiva e você criará um milhão de problemas, porque a raiva é venenosa. Mas o que você faz? Se está errado, você engole.

Eu não digo que a raiva seja errada, eu digo que a raiva é energia – energia pura, uma bela energia. Quando ela irromper, preste atenção e veja um milagre acontecendo. Quando ela irromper, preste atenção e, se fizer isso, ficará surpreso; você terá uma surpresa – a maior da sua vida: descobrirá que, se prestar atenção nela, ela desaparece.

A raiva é transformada. Ela vira energia pura; vira compaixão, vira perdão, vira amor. E você não precisa reprimi-la, por isso não terá de levar consigo esse veneno. E você não ficará com raiva, por isso não ofenderá ninguém.

Ambos são salvos: o outro, o objeto da sua raiva, e você mesmo. No passado, ou o objeto da raiva estaria sofrendo ou então você.

O que eu estou dizendo é que não é preciso que ninguém sofra. Basta que você preste atenção, fique consciente. A raiva surgirá e será consumida pela consciência. A pessoa não pode ter raiva se está consciente, não pode ter ganância se está consciente e não pode ter inveja se está consciente.

A consciência é a chave de ouro.


Extraído do livro "Emoções: Liberte-se da Raiva, do Ciúme, da Inveja e do Medo"



domingo, 9 de setembro de 2012

Bem dentro de mim! - por Ankur (Autor)

Ontem eu estava escutando um CD que não ouvia há pelo menos 10 anos.

A certa altura, ouvi:

"Já dei mil voltas pela cidade... Achei toda a força de verdade bem dentro de mim."

... e sorri!

Que simplicidade mais rica!

O homem tem esse desvio natural, que faz parte de sua odisséia, de ficar procurando satisfação no lado de fora. Vive projetando suas expectativas em coisas externas: pessoas, bens, negócios, aprendizados, conquistas...

... e só quando ele compreende que a real satisfação não se encontra em "nenhum lugar" (após diversas desilusões) que ele começa a apontar para outra direção: para dentro!

É por isso que os ricos são mais espiritualizados que os pobres (apesar de não ser regra absoluta). Os ricos já procuraram em todos os lugares... já viajaram para todos os cantos do mundo, já possuíram diversos bens, já conquistaram fama, viveram situações inusitadas, conquistaram diversos feitos... e nada os satisfez de verdade.

Agora eles começam a compreender que nada que vem do lado de fora pode trazer aquilo que eles realmente buscam...

O pobre ainda sonha em ser rico, sonha com a ilusão de que quando ficar rico conquistará essa satisfação (que o rico vê que não encontrou). Ele ainda está na etapa anterior à que está o rico... ele ainda precisa ficar rico para então se desiludir.

Claro que pessoas espertas não esperam muitas frustrações para aceitar o fato. Basta observar algumas situações de expectativas->frustração para perceber o quanto a satisfação que o mundo exterior te oferece é fugaz, limitada, passageira, frágil.

E quando você tem um mínimo vislumbre do que brota do lado de dentro, a busca acaba! Você encontrou a fonte de toda a vida, de toda a paz, de toda a beleza!

Agora, tudo o mais é secundário... servem para celebrar a felicidade que vem de dentro de você. Não são mais meio... apenas fazem parte do fim! Fazem parte do "festejo"!

E o ponto de maior dificuldade para isso tem sido descobrir o lado de dentro... o que ele significa e como encontrá-lo?

Aonde fica o dentro? Dentro do corpo? Dentro dos seus pensamentos? Dentro dos seus sonhos? Dentro da "sua personalidade"? Ou dentro daquilo que é anterior a tudo que é visível? Que vem antes do corpo, antes dos pensamentos... que observa silenciosamente todas essas coisas?

Encontre o dentro! Essa é a "pegadinha" da vida!


terça-feira, 4 de setembro de 2012

A essência do zen, conto zen

Conta-se a respeito de um mestre budista iluminado que estava sentado à margem de um rio numa tarde, apreciando o gorgolejar da água, o som do vento assobiando entre as árvores...

Um homem veio e perguntou a ele: — Você pode sintetizar numa única palavra a essência da sua religião?

O mestre permaneceu em profundo silêncio, como se não tivesse ouvido a pergunta.

O homem então disse: — Você é surdo ou o quê?

O mestre respondeu: — Eu ouvi a sua pergunta e a respondi também! O silêncio é a resposta. Eu fiquei em silêncio... essa pausa, esse intervalo, foi a minha resposta.

O homem disse: — Não consigo entender uma resposta tão misteriosa. Você não pode ser um pouco mais claro?

Então o mestre escreveu na areia "meditação", com letrinhas pequenas, usando o próprio dedo.

O homem disse: — Posso ler agora. Ficou um pouco melhor do que a princípio. Pelo menos eu tenho uma palavra sobre a qual refletir. Mas você não pode deixar um pouquinho mais claro?

O mestre escreveu novamente "meditação". Claro que dessa vez ele escreveu em letras maiores.

O homem ficou meio embaraçado, intrigado, ofendido, com raiva. Então disse: — Mais uma vez você escreve meditação? Não pode deixar um pouco mais claro para mim?

E o mestre escreveu em letras ainda maiores, em maiúsculas: "MEDITAÇÃO".

O homem disse: — Você parece louco!

O mestre respondeu: — Eu já fui longe demais. A primeira resposta estava certa, a segunda não estava tão certa, a terceira estava ainda mais errada, a quarta já estava completamente errada.

Pois, quando você escreve "MEDITAÇÃO" com letras maiúsculas, você faz dela um deus. É por isso que a palavra "Deus" se escreve com D maiúsculo. Sempre que você quiser fazer de algo uma coisa suprema, definitiva, você escreve com letras maiúsculas.

O mestre disse: — Eu já cometi um pecado. — Ele então apagou todas as palavras que escrevera e disse: — Por favor, ouça minha primeira resposta; só assim sou verdadeiro.


domingo, 2 de setembro de 2012

Plantando flores, por Osho

Osho, por que você ajuda as pessoas na meditação?

Para mim isso é um prazer. Não faço por nenhuma razão em especial; simplesmente gosto.

Assim como a pessoa que gosta de plantar flores num jardim, esperar até que elas cresçam... quando você floresce, eu fico satisfeito.

É como jardinagem; quando alguém floresce é uma delícia. E eu compartilho desse florescimento.

Não existe nenhum objetivo aqui. Se você não conseguir, não vou ficar frustrado. Se você não florescer, tudo bem, porque esse florescer não pode ser forçado.

Você não pode abrir um botão na marra; você até pode, mas isso só irá matá-lo. Pode até parecer um florescimento, mas na verdade não é.


Extraído do livro "Consciência: a chave para viver em equilíbrio"


Beijando sapos, por Osho

Osho, qual é a sua missão aqui?

Qual a minha missão aqui?

Era uma vez um sapo.

Mas ele não era realmente um sapo; era um príncipe que foi transformado em sapo.

Uma feiticeira malvada lançou-lhe um feitiço: somente o beijo de uma donzela poderia salvá-lo.

Mas desde quando meninas bonitas beijam sapos?

E lá ficou ele, pobre príncipe em forma de sapo.

Mas milagres acontecem.

Um dia, uma linda donzela agarrou-o e deu-lhe um beijo estalado. Crash! Bum! Zap! E pronto, ali estava um belo príncipe.

E vocês sabem o resto da história: eles viveram felizes para sempre...

Então qual é a minha missão aqui?

Dar beijos em sapos, é claro.



domingo, 26 de agosto de 2012

Libertando-se do sofrimento, por Osho

O sofrimento é um estado de inconsciência.

Sofremos porque não estamos conscientes do que fazemos, do que pensamos, do que sentimos — por isso, estamos nos contradizendo o tempo todo. As atitudes vão numa direção, os pensamentos em outra, os sentimentos sabe-se lá para onde.

Continuamos a nos estilhaçar, a ficar cada vez mais fragmentados. Isso é que é sofrimento — perdemos a integração, a unidade. Ficamos totalmente sem centro, somos mera periferia. E é claro que uma vida sem harmonia torna-se miserável, trágica, um fardo que temos de carregar de algum jeito, um martírio.

[...]

Só existem duas formas para escapar disso: praticar meditação — ficar alerta, atento, consciente... o que não é nada fácil. É preciso garra.

O jeito mais barato é encontrar algo que deixe a pessoa ainda mais inconsciente do que já está, para que assim ela não consiga perceber a miséria em que vive. Encontre algo que o torne totalmente insensível, alguma coisa tóxica, algum analgésico que o deixe tão inconsciente que você possa mergulhar de cabeça nessa inconsciência e esquecer a ansiedade, a angústia, a falta de sentido.

A segunda opção não é o caminho verdadeiro para se livrar do sofrimento. Ela só faz com que esse sofrimento fique um pouco mais confortável, um pouco mais tolerável, mais conveniente. Mas isso não ajuda em nada — isso não transforma você.

A única transformação acontece por meio da meditação, porque esse é o único método que torna você consciente. Para mim, a meditação é a única religião de verdade. Todo o resto é embromação.

E existem diferentes combinações de ópio — Cristianismo, Hinduísmo, Maometismo, Jainismo, Budismo —, que não passam de combinações diferentes. A forma é diferente, mas o conteúdo é o mesmo: todos eles ajudam você de alguma forma a se conformar com o sofrimento.

Minha intenção aqui é levar você a superar o sofrimento. Não há por que se conformar com ele; existe uma possibilidade de você se ver livre desse sofrimento. Mas o caminho é um pouquinho mais pedregoso; é um desafio.

Você tem de ficar consciente do seu corpo e do que está fazendo com ele...

[...]

Nos tribunais, muitas vezes os acusados negam veementemente que tenham assassinado alguém. No início, o mais comum é que se pense que eles estejam simplesmente mentindo, mas depois descobre-se que não se trata disso; os acusados cometeram o crime num estado de profunda inconsciência.

Estavam tão furiosos, com tanta raiva no momento do crime, que foram tomados por essa fúria. E, quando você está furioso, seu corpo produz toxinas que contaminam o sangue. Quando está encolerizado, você é vítima de uma loucura temporária. E a pessoa acaba se esquecendo totalmente disso, porque estava totalmente inconsciente do que fazia.

E é assim que as pessoas se apaixonam, matam umas às outras, suicidam-se, fazem todo tipo de coisa.

O primeiro passo para ficar consciente é sempre prestar atenção ao próprio corpo.

Bem aos poucos, você começa a ficar atento a cada gesto, a cada movimento. E, à medida que fica consciente, um milagre começa a acontecer: muitas coisas que costumava fazer você simplesmente não faz mais.

Seu corpo fica mais relaxado, começa a ficar mais sintonizado, uma paz profunda começa a invadir todo o seu corpo, uma música sutil pulsa dentro de você.

Então você começa a se dar conta dos seus pensamentos — o mesmo tem de ser feito com relação a eles.

Os pensamentos são mais sutis que o corpo e, evidentemente, mais perigosos também. Quando se der conta dos seus pensamentos, você ficará surpreso com o que se passa dentro de você.

Se tomar nota de tudo o que está passando pela sua cabeça agora, você vai ficar muito surpreso. Não vai nem acreditar — "Estou pensando nisso tudo?" Experimente tomar nota de tudo por dez minutos. Feche as portas, tranque portas e janelas para que ninguém possa entrar, e então seja absolutamente honesto — e vá acendendo logo o fogo para que possa queimar esse papel! — assim ninguém mais ficará sabendo o que você pensa. Mas seja bem honesto; escreva tudo o que passar pela sua cabeça. Não interprete nada, não mude nada, não comece a pôr nada em ordem. Simplesmente coloque os pensamentos no papel da forma como eles vierem, sem mudar uma palavra.

E, depois de dez minutos, leia o que escreveu — você verá que existe uma mente insana aí dentro! Você não se dá conta de toda essa loucura que passa continuamente pela sua mente como uma corrente subterrânea. Essa loucura afeta tudo o que é importante na sua vida. Ela afeta qualquer coisa que você faça; afeta qualquer coisa que deixe de fazer, afeta tudo. E a soma total disso tudo vai ser a sua vida!

Portanto, esse louco precisa mudar. E o milagre da consciência consiste no fato de que você não precisa fazer nada a não ser tomar consciência. O próprio fenômeno de observar esse louco vai fazer com que ele mude. Muito lentamente, esse louco dentro de você desaparece.

Bem devagar, os pensamentos começam a seguir um certo padrão: esse caos deixa de ser um caos e torna-se mais um cosmo. E, então, mais uma vez prevalece uma profunda paz.

E, quando o seu corpo e a sua mente estiverem em paz, você verá que eles também entram em sintonia; surge uma ponte. Agora eles não correm mais em direções opostas, não cavalgam cada um no seu cavalo.

Pela primeira vez na vida, existe um acordo, e esse acordo é extremamente útil para que se dê o terceiro passo, ou seja, tomar consciência dos sentimentos, das emoções e dos estados de ânimo.

Essa é a camada mais sutil e mais difícil, mas, se você conseguir tomar consciência dos seus pensamentos, só faltará mais um passo.

É preciso uma consciência um pouco maior quando você começa a refletir sobre seus estados de ânimo, suas emoções, seus sentimentos.

Assim que você estiver consciente de todos os três, eles se unirão, formando um só fenômeno.

E, quando se tornarem uma coisa só, atuando juntos com perfeição, no mesmo ritmo, você conseguirá sentir a música de todos os três — eles virarão uma orquestra —, fazendo com que surja um quarto elemento, que não depende da sua vontade; ele surge espontaneamente, é uma dádiva do todo. Uma recompensa para todos que chegam até aqui.

Esse quarto elemento é a consciência definitiva que faz de você uma pessoa desperta.

Fica-se consciente da própria consciência — esse é o quarto elemento. Isso é o que faz de alguém um buda, um ser desperto. E é somente com esse despertar que a pessoa vem a saber o que é bem-aventurança.

O corpo conhece o prazer, a mente conhece a felicidade, o coração conhece a alegria, o quarto elemento conhece a bem-aventurança.

A bem-aventurança é o objetivo, e a consciência é o caminho que leva até ela.


Extraído do livro "Consciência: a chave para viver em equilíbrio"


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Poesia de Krishnamurthi

Eu não tenho nome.

Eu sou tão fresco quanto a brisa das montanhas. Eu não tenho paradeiro, eu sou as águas corredeiras.

Eu não tenho santuário como os deuses escuros nem estou no escuro dos templos profundos. Eu não tenho livros sagrados, nem sou eu bem cozido nas tradições.

Eu não sou o incenso montado nos altares mais altos, nem a pompa das cerimonias. Eu não sou, nem estou nas imagens gravadas, nem nos cantos ricos das vozes melodiosas.

Eu não estou atado, contido pelas teorias, nem corrompido pelas crenças. Eu não estou preso nas fronteiras das religiões, nem na agonia piedosa dos padres. Eu não estou atado pelas filosofias nem seguro no poder das seitas.

Eu não sou baixo nem alto. Eu sou aquele que reza e aquele para quem a reza é dirigida. Eu sou livre. A minha canção é a canção do rio, me chamando até os mares abertos.

Vagando, vagando... eu sou vida. Eu não tenho nome. E sou tão fresco quanto a brisa das montanhas.


As leis não fazem pessoas melhores, por Nasrudin

As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores — disse Nasrudin ao Rei. — Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

O Rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade — e assim o faria.

O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o Rei ordenou que fosse construída uma forca.

Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado."

Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

- Onde o senhor pensa que vai? — perguntou o Chefe da Guarda.

Estou a caminho da forca — respondeu Nasradin, calmamente.

- Não acredito no que está dizendo!

- Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.

- Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!

Isso mesmo - respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. — Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Além do bem e do mal estar, por Dolano

(transcrição e tradução do vídeo "Beyond feeling good or bad")



Rashnu: Me desculpe, o meu inglês é muito ruim.

Dolano: Tudo bem, o meu também. (risadas) Então você deve entender o meu inglês.

Rashnu: Eu estou fazendo a meditação Vipassana diariamente pela manhã...

Dolano: Vipassana... observando a respiração?

Rashnu: Sim.

Dolano: Ok. Quanto tempo você faz isso? Quanto tempo fica sentado de manhã? Toda manhã em casa?

Rashnu: Vinte e cinco a trinta minutos.

Dolano: Todo dia antes de levantar?

Rashnu: Sim.

Dolano: É uma coisa muito boa de se fazer. Você gosta?

Rashnu: Sim, eu gosto.

Dolano: É uma ótima coisa a se fazer, não é?

Rashnu: Sim.

Dolano: É uma coisa realmente boa para começar o dia... muito linda!

Rashnu: O que eu sinto é que... um dia nós nos sentimos muito bem, todas as coisas estão indo conforme nossos desejos. No dia seguinte alguém faz ou fala alguma coisa para nós, e nós nos perturbamos. Depois de um ou dois dias novamente nos sentimos muito bem. O que está acontecendo? (risadas)

Dolano: (risada) Sim, eu sei como é... você está no caminho e o que você está fazendo... você tenta se sentir bem. Todos os dias você tenta se sentir bem. Você levanta pela manhã: “Ah, eu estou bem, estou próximo da iluminação porque hoje eu estou me sentindo realmente bem!” E você sempre se refere ao que você está sentindo.

E em outro momento você acorda e: “Ah, eu não me sinto bem!” Na verdade você tem algum desconforto no estômago. Você está comendo muito tarde e agora você tem este sentimento estranho no estômago e com isso maus pensamentos aparecem, uma situação perfeita para ter maus pensamentos. Porque você deveria se levantar, para início de conversa? A vida é tão sem sentido. Não é? (risadas) É com isso que você está ocupado porque você está no caminho, é o que você está fazendo no caminho... todos vocês querem se sentir bem.

Veja, eu não me importo se eu me sinto bem ou não. Eu nem mesmo percebo isso mais. Eu não me pergunto pela manhã: “eu me sinto bem?” (risadas) Eu nem mesmo pergunto. Porque eu perguntaria a mim mesma se eu me sinto bem ou mal? Você não conhece a força dos pensamentos? Agora eu me sinto bem, eu estou bem. Agora eu me sinto mal, eu estou mal.

Se você medita você deveria saber o que importa. Isso não tem nada a ver com sentimentos bons ou maus, você tem que ir mais profundo do que isso, entende? Você está vivendo no mundo dos apegos. Este organismo corpo-mente irá sempre se sentir bem em alguns momentos, e em outros se sentir mal. Iluminação não tem nada a ver com se sentir bem ou mal. Não tem nada a ver com isso. Claro que se a mente-corpo está liberada, você não irá mais se importar sobre se sentir bem ou mal, e por isso você nem deverá notar se está se sentindo mal. Ou bem! Você não irá notar, pois quem se importa?

Existem coisas acontecendo em Leela, apegos... você martela o dedo, você esqueceu a chave, você está procurando seus óculos... o dia todo parece como que se eu estivesse procurando apenas pelas minhas chaves e óculos. “Que vida estúpida estou levando. Odeio isto de eu todo dia procurando pelos meus óculos!”

Estes são apegos. Você se apega à procura dos seus óculos e você machuca o seu dedo e isso dói... o que mais... você derrama seu chá e tem que limpar, e seria melhor ter ficado na cama. Alguns momentos eu vou ao meu computador e aperto um botão e tudo acaba errado. Se eu não tivesse levantado estaria tudo bem com o meu computador. O dia todo eu me ocupei fazendo o computador voltar a funcionar, foi pra isso que eu levantei! (risadas)

Você vê? Você está focado no que você pensa, no que você sente e no que você faz. Você fica focado nisso e você deixa passar a vida propriamente dita. Isto é sobre a verdadeira vida. Esta brincadeira de Leela que você vê... isto não é um milagre?! Não é fantástica? Ei! Me diga! Esta situação. O que você quer, é tão maravilhosa esta vida física, a situação, esta brincadeira de Leela, esta natureza... não é um milagre? Diga “Sim!”, vamos! (risadas) Diga “Sim!”

Rashnu: Sim.

Dolano: Sim, é um milagre, é maravilhosa. Este fluxo de vida física, esta situação da vida física é maravilhosa. Porque você se preocupa sobre se sentir bem ou mal? Eu digo a você que esta situação é tão maravilhosa. Vale a pena o desconforto. Vale a pena o “inconforto”... ou desconforto? Alguém, algum professor de inglês, rápido! (risadas) Rápido!

Rashnu: Desconforto.

Dolano: Vale a pela o desconforto. Não se preocupe com o que você sente, entende? A meditação aponta para a vida em si mesma. Você tem que se apaixonar com o que reside mais profundamente do que os sentimentos. Sentimentos são tão mutáveis, eles não são feitos para serem sempre os mesmos. Seria não-natural desejar sentir-se sempre bem. Não é possível, e é por isso que você está nesta briga e nesta frustração.

Todos os dias você deixa passar a vida verdadeira por causa desta briga. “Eu quero me sentir bem. Ah, agora me sinto bem, agora preciso manter isso, hoje eu estou sentindo muito mais amor pelas pessoas. Ah se isto pudesse durar para sempre!” Estas são experiências, mas a natureza da experiência é que ela vem e vai. Esta é a sua natureza. Ela não pode ser eterna. Você exije algo não-natural, e é por isto que você sofre, entende?

Rashnu: Sim.

Dolano: Então a primeira lição para você é dar valor à vida propriamente dita. Assim, se você martelar o dedo, o desconforto ainda valerá a pena. Entende? Mesmo que você martele o dedo, você dirá que esta vida é grandiosa, entende? Senão você precisará passar por uma lição muito grande, um acidente alguma outra coisa muito desagradável. Algumas pessoas têm uma experiencia de quase-morte, e então voltam, e aí passam a valorizar... elas não se preocupam mais se estão se sentindo bem ou mal. Esta vida é um grande milagre! Eu irei desfrutá-la em meio aos bons e maus sentimentos. Porque você se preocupa em sentir-se bem ou mal? Isto é algo muito natural, entende? Sim?

Você está apaixonado pela meditação, então esteja apaixonado com isto e não se preocupe se você se sente bem ou mal. Não se apegue aos bons ou maus sentimentos. Sabe o que importa? A vida em si mesma. Sim? Ok, bom.

Rashnu: Sim, obrigado.

Dolano: Estar no caminho... meditação... você tem que aprender a valorizar o que é; o que é! Você talvez tenha ouvido as histórias zen. Você ouviu as histórias zen? As histórias zen sempre apontam para a ordinariedade. Mas a ordinariedade não é o que você pensa que é. ‘Esmalte de unha da cor azul não é permitido aqui, isto não é “ordinário”’. Você pensa que o ordinário deve ser muito chato. O ordinário não é chato. O ordinário aponta para o que é. Isto é um milagre. O que mais você quer. Você tem que aprender a valorizar o que é e não sair em busca de experiências. Você me entende? Pelo fato de você estar buscando e perseguindo coisas, você não fica no aqui e agora.

E até se Deus vier até você, ele logo terá que ir-se. Qualquer coisa que venha terá que ir. Você terá que descobrir o que nunca vem e o que nunca vai e ver o valor disto. Você fica apaixonado por isto. Não negligencie, é natural se apaixonar por isto, entende?

E você está em um mal entendido preso no bem e no mal estar. Você deixa passar o que você realmente ama no meio destes sentimentos bons ou maus. Em qualquer circunstância você está amando isto. Isto o torna pronto para a iluminação. Sim? É por isso que as pessoas que estão no caminho tendem a se perder no esoterismo, entende? As pessoas entram em meditação e então alguma coisa tem que acontecer: “Eu estou esperando por uma explosão.” Eu digo que se você meditar nada deverá acontecer.

Nada deve acontecer. O que acontece logo se vai, você não pode contar com isso. Bom ou mal. Você tem que conhecer aquilo que nunca vem e nunca vai. Nada deve acontecer durante a meditação, nada deve acontecer. Você tem que estar apaixonado com o “nunca acontecer nada”. É isto, esta é a única coisa eterna. E esta é a vida propriamente dita. Você entende? Se apaixone por isso, este é o ponto da meditação. Sim? Ok.

Rashnu: Sim, obrigado.


Conversaremos os pés, por Satyaprem

Há muito tempo atrás, escrevi um poema para o Osho, um haiku, forma poética japonesa ZEN como arte de dizer o máximo com o mínimo:

entrem e sentem
conversaremos os pés
sobre o nada

Só os seus pés irão entender o que temos para falar, a sua cabeça não entenderá.

Eu preciso que seus pés entendam.

O único conhecimento válido, é o conhecimento que entra pelos seus pés, que está além das palavras, e já está aqui.

Apenas uma coisa o impede de ver: achar que não pode ser assim.

E é isso que compartilhamos em Satsang.

Estamos aqui para desentocar aquilo que está escondido embaixo do oceano, aquilo que está desde o primeiro momento como o grande historiador de tudo.

Satyaprem - Diário
Brasil, 03/04/2012

http://www.satyaprem.com/diario.asp


A queda do manto, por Nasrudin

Ao ouvir um forte estrondo, a mulher de Nasrudin saiu correndo até o quarto.

- Não precisa se preocupar, disse o Mullá, foi apenas meu manto que caiu no chão.

- O quê? E fez um barulho desses?

- Sim, é que na hora eu estava dentro dele. :-T

segunda-feira, 26 de março de 2012

Permita que Deus lhe conquiste, por Satyaprem

Você é algo inimaginável.

E eu espero, do fundo do meu coração, que você esteja em condições de receber a visita do desconhecido.

Osho diz: "Deus não pode ser conquistado. Você só pode permitir que ele o conquiste".

Permita que Deus lhe conquiste.

E isso só acontece quando você sai do caminho.

Somente diante do colapso dos seus pensamentos e crenças - quase como uma colisão do complexo sistema chamado 'Você' -, que Deus pode aparecer.

Em nosso contexto, Deus é esse algo mais, essa não-coisa, que sempre esteve presente, porém, escondido embaixo das nuvens de pensamentos que você insiste em alimentar.

Não esqueça: "Você só pode permitir que Deus o conquiste".

Satyaprem - Diário
Brasil, 25/03/2012

http://www.satyaprem.com/diario.asp


segunda-feira, 19 de março de 2012

O paraíso é aqui e agora, por Satyaprem

O segredo que Satsang compartilha é que você é a Observação presente exatamente agora, exatamente aqui.

Que esforço precisa ser feito para ser o que você já é?

Que esforço você precisa fazer para estar aqui?

O que lhe é exigido para que você esteja no agora?

Já parou para perceber?

Inúmeras tradições nos envenenaram com a ideia de que deveríamos fazer algo, passar por uma série de ritos e princípios para chegar ao paraíso.

O convite neste momento é para que você pare e veja que este que você chama de “eu” acontece dentro d’Aquilo que, de fato, é Você – e isto é perfeito e está em todos os lugares, portanto, não pode ser alcançado num outro tempo e num outro lugar senão aqui e agora.

Ou seja, as tradições impossibilitam a visão clara de que o paraíso é aqui e agora e que não há absolutamente nada além disso.

Veja!

Satyaprem - Diário
Brasil, 19/03/2012

http://www.satyaprem.com/diario.asp


quinta-feira, 15 de março de 2012

Viciados no experienciar, por Mooji

Não vai ser a mente que vai lhe dizer: "Olha, eu estou me demitindo de você! Estou saindo de férias; vou lhe dar um descanso!"

A mente trabalha em período integral...

Você precisa agradecer pelo sono, pelo menos... o grande sono, que se aproxima e diz: "Tchau, mente!"

Pois quando você está em sono profundo, não há mente. Não há mente...

E... você gosta de dormir ou não?

Participante: - Muito.

Ótimo. Todo mundo adora dormir.

Como eu digo... você não compra a melhor cama possível para sonhar. Ninguém compra uma cama para sonhar. Você compra uma cama para dormir profundamente.

Você pode ter se casado hoje; ter sua noite de núpcias… Mas quando chega o sono profundo você não pode levar sua noiva com você. Ninguém pode entrar lá com você. Sua crença não pode entrar, nem mesmo "você" pode entrar! Mesmo o "eu" não pode estar lá. E você adora esse estado. Você adora esse estado, no qual você não está preso a nada! Não está em um estado de percepção. Você adora esse estado.

Se você não entrasse nesse estado, você não estaria tão revigorado hoje. Todo dia, você, em uma parte do dia que você chama de noite... você entra na completa cessação de toda atividade mental, toda atividade emocional. Você não tem nome, você não tem gênero. Não há hierarquias. Não há céu, não há inferno. Existe somente aquele silêncio absoluto. Lá, você não tem um emprego. Você não está empregado nem está desempregado. Além de todos os conceitos. E você adora esse estado.

Esse estado é somente uma pista para você, no seu estado de vigília. Esse estado existe aqui e agora também! Ele é como o leito de um rio... e sua mente é o rio que flui sobre ele. Esse silêncio, essa quietude está aqui.

Mas quando a consciência está acessível, a luz da consciência está acesa, o show está no ar, incluindo a noção de si mesmo: Eu, mim, você, tempo, ah! Percepção, diversão, sofrimento, tudo...

E nós adoramos isso! Você admite. Uma vez que começa, nós ficamos viciados! Nós estamos viciados no experienciar. Adoramos o contraste, a fricção... As incertezas, os altos e baixos. Eles lhe relembram de que você está vivo...

Participante: -Acho que eu não quero morrer.

Se você se compreendesse a si mesmo, você saberia que você jamais pode morrer. Se você sabe quem você é, você não precisa ficar na mente para continuar vivo.

Participante: - Está me faltando essa compreensão.

Não, não é isso. Apenas é que… você não está suficientemente voltado para ela. Alguma outra coisa a está ocultando... como estávamos dizendo ontem: a unha do seu polegar pode ocultar o sol, entende?

Um conceito pode ocultá-la (essa compreensão).

Um conceito que: "Ah, eu não quero morrer!"

Daí você não busca a verdade porque em algum lugar dentro de você há um trauma de que, ao se descobrir a verdade, há um tipo de morte de algo... algo que você está chamando de "você".

E estou lhe dizendo: isso NÃO É você.

São apenas as ideias que você tem sobre você, que não se baseiam na verdade. Elas são ilusórias. São um fantasma. E a sua vida é uma história fantasma. Você está abandonando a liberdade em troca de uma história fantasma.

Você compreende? Tudo isso que você pensa obter da mente e aaah... um dia isso vai acabar.

Você não quer morrer? Bem, um dia você vai morrer...

Enquanto corpo e mente, você vai morrer. Primeiro o corpo...

Mas se você compreende que você é Aquilo que está observando o corpo e a mente... e quando eu digo "compreende", não quero dizer compreender somente aqui (cabeça)... Mas você reconhece isso através da experiência direta que é aquilo que está sendo apontado aqui, entende?

Não apenas sendo indulgente com a mente, a mente, a mente... mas através daquela clareza irrefutável.

Sim. Nós podemos realizar essa investigação, essa introspecção. E então você não vai se importar com o que a mente está dizendo.

A diferença é que você tem um grande respeito por sua mente. E também lealdade à sua identidade como algo que é um construído na mente.

Sua oportunidade é descobrir quem você realmente é. E aí, se você quiser adorar sua mente, adore a mente! Pelo menos você vai amar a mente sendo livre.

Assim como seu polegar pode ocultar o sol... Um conceito pode ocultar a Verdade.


quarta-feira, 14 de março de 2012

Apenas celebre! por Satyaprem

A proposta que eu trago é que você faça um breve balanço do seu viver e veja: quem é que guia você?

Você é um mero objeto para a subjetividade pura que a Consciência é.

E neste momento você assume uma infinita liberdade, fazendo aquilo que está nas suas mãos e largando de mão todo o resto.

Apenas celebre!

O que quer que seja que tenha que se manifestar através de você, não pegue como pessoal.

Você não é uma pessoa!

Tudo é manifestação da Consciência, não tem nada fora dela.

É por isso que, do ponto de vista que Satsang nos convida a ver, aquela velha noção de céu e inferno desaparece.

Onde tem céu?

Onde tem inferno?

Só na sua imaginação.

Essa história tem apenas um papel de controle social e nenhum outro.

Você não vai a lugar nenhum – nunca foi e nem irá.

Você sempre esteve, está e estará aqui e agora.

Seja com uma noção equivocada de si como pessoa, com uma identidade, ou não.

Satyaprem - Diário
Brasil, 14/03/2012

http://www.satyaprem.com/diario.asp

terça-feira, 13 de março de 2012

O verdadeiro diamante, conto zen

Um dos mais famosos reis da Índia antiga, Bimbisara, foi visitar Buda.

Sendo um grande rei, ele sentiu que era importante causar uma boa impressão. Assim, decidiu presentear Buda com um presente que fosse muito raro, o mais lindo diamante de toda a terra. No entanto, ele estava tendo algumas dúvidas se o seu presente seria bem recebido, porque ouvira falar que Buda não era uma pessoa do mundo, não apreciava essas coisas.

Então, uma manhã, em seu caminho para Mango Grove, o bosque onde Buda estava com seus discípulos, o rei passou por um mendigo chamado Sudhas, que carregava com ele uma linda flor de lótus. Sudhas descobriu aquela flor florescendo fora de estação, num laguinho perto de sua casa.

Bimbisara quando viu, se aproximou. Ele viu que a beleza daquele lótus era realmente rara – era muito raro ver um lótus naquele momento do ano. Um homem como Buda apreciaria tal fato – ele pensou –, considerando esta uma alternativa perfeita como presente para Buda, caso ele negasse receber o diamante. Assim, o rei comprou a bela flor por uma rúpia.

Quando Bimbisara chegou, foi levado até Buda, onde prostrou-se e ofereceu o diamante, pensando que esse era o mais precioso dos dois presentes, ao menos em termos mundanos.

Todavia, quando ele foi colocar o diamante aos pés de Buda, Buda olhou para ele e disse: “Largue isso!” Assustado, o rei imediatamente soltou e sem pensar – porque ele não queria dizer “não” a Buda, especialmente diante de tantas pessoas que estavam apreciando aquele diamante tão precioso –, ele soltou.

No mesmo momento, o rei levantou a outra mão com o lótus e de novo Buda disse: “Largue isso!” Bimbisara largou o lótus e parou de mãos vazias na frente do Buda, ouvindo, pela terceira vez, o comando do mestre: “Largue isso!” No entanto, desta vez Bimbisara ficou vermelho, pensando que Buda estava tentando fazer dele um bobo, na frente de tanta gente, e retrucou: “Ou você é louco ou eu sou louco. Ambas as minhas mãos estão vazias. Que mais eu tenho que deixar ir? Que mais eu devo largar?” Ao que Buda respondeu: “Largue a si mesmo!” Mas Bimbisara insistiu: “Eu mesmo? Como posso largar a mim mesmo, se nem sei quem eu sou!” Buda, concluindo, afirmou: Muito bom! Agora vá para sua casa e encontre quem é você. Quando encontrar, volte aqui que estarei esperando por você”.

Era muito grande o insulto, na frente de dez mil discípulos o rei foi feito voltar e olhar para dentro de si mesmo e encontrar quem ele é. Mas, Bimbisara provou ser um homem de tremenda coragem, inteligência e integridade. Em seu palácio, ele disse: “Ninguém deve me perturbar, qualquer que seja o tempo que tome, eu vou fazer o que aquele homem disse. Irei encontrar quem sou”. E, assim, por três dias ele permaneceu em isolamento.

No quarto dia o rei emergiu como um homem mudado. Sua face brilhava com uma luz misteriosa. Ele voltou ao Bosque das Mangas para fazer um relatório de suas experiências, e Buda – sentindo que algo profundo acontecera ao rei – disse: “Pegue de volta o seu lótus e o seu diamante! Posso ver nos seus olhos e na sua face o brilho. Você encontrou aquilo que não pode ser abandonado, você compreedeu o ponto! Diamantes e lótus, essas coisas certamente são lindas, fazem belos presentes, mas elas não são você. Foi por isso que pedi que os abandonasse. De verdade, no momento que você encontra quem você é, então não há necessidade de abandonar nada.

Só é possível abandonar algo que é real. Ao notar que os objetos não são reais, você não precisa abandoná-los. Você só fica com aquilo que é real, aquilo que é real é tudo. Ao encontrar a si mesmo, todas as coisas que não são reais, são naturalmente abandonadas, sem esforço, pois deixam de ter a realidade que tinham antes. Nesse ponto, tudo se torna leela, uma grande brincadeira. Perder ou ganhar, qual é a diferença? Quem perdeu e quem ganhou?

Procure o seu “ser Bimbisara”. Ouvindo as palavras de Buda, aquele rei caiu aos seus pés e, ao cair, assim fez também o seu ego... quebrado, ao chão. Numa piscina de lágrimas, Bimbisara se tornou iluminado naquele momento e é dito que daquele momento em diante, ele seguiu Buda pelo resto de seus dias.

Comentado por Satyaprem

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Quem é que guia você? por Satyaprem

A proposta que eu trago é que você faça um breve balanço do seu viver e veja: quem é que guia você?

O que é que guia o seu dia a dia?

Eu arrisco dizer que existe uma grande possibilidade de que seja esse fornecedor de dificuldades.

Não é a sua verdadeira natureza que está lhe guiando.

Mas eu me pergunto: por que optar por tanta dificuldade, se tanta facilidade está disponível ao alcance das suas mãos?

Não se assuste por mera ignorância, por não se dar conta de algo inestimável que existe dentro de você.

Resgate, reconecte com Isso que tem todas as respostas.

Ou, melhor ainda, que aniquila todas as perguntas e nos deixa sem necessidade de respostas.

Você insiste em transformar o mistério, que é viver, em um problema.

Mas, veja!

É apenas um mistério.

Extremamente intenso e cheio de vitalidade.

É simples!

Olhe para dentro!

Satyaprem - Diário
Brasil, 11/03/2012

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sábado, 25 de fevereiro de 2012

O discípulo ladrão, conto zen

Havia um grande mestre, um mestre budista, Nagarjuna. Um ladrão veio vê-lo. O ladrão apaixonara-se pelo mestre, porque ele nunca vira uma pessoa tão bela, com tamanha graça.

Ele perguntou a Nagarjuna: - Existe alguma possibilidade de eu crescer também? Mas uma coisa eu quero lhe deixar clara: eu sou ladrão. E não vou deixar de ser, por isso não me imponha condições. Farei tudo o que disser, mas não vou deixar de ser ladrão. Isso já tentei várias vezes, nunca funciona, por isso já desisti. Aceitei meu destino, o de que vou ser ladrão para sempre, portanto, não toque nesse assunto. Vamos deixar tudo bem clado desde o princípio.

Nagarjuna disse: - Por que está com medo? Quem aqui vai falar algo acerca de você ser ladrão?

O ladrão respondeu: - Mas sempre que eu procuro um monge, um padre ou um santo eles dizem que primeiro tenho de parar de roubar.

Nagarjuna riu e disse: - Então você deve ter procurado ladrões; do contrário, por que diriam isso? Por que isso os preocupa tanto? Eu não estou nem um pouco preocupado.

O ladrão ficou muito feliz e disse: - Então tudo bem. Parece que agora vou me tornar um discípulo. Você é o mestre certo.

Nagarjuna aceitou-o, dizendo: - Agora pode ir e fazer o que quer que tenha vontade. Só há uma condição: fique consciente! Vá, arrombe casas, entre, pegue o que quiser, roube; faça o que tiver vontade, isso não me interessa, não sou ladrão; mas faça tudo isso com plena consciência.

Sem entender que estava caindo numa armadilha, o ladrão disse: - Combinado. Eu tentarei.

Depois de três semanas o ladrão voltou e disse: - Você me enganou... porque, se fico consciente, não consigo roubar. Se roubo, a consciência se vai. Fico num dilema. Quando fico consciente, subitamente... nenhuma motivação, nenhum desejo. Me torno como um buda, e então não consigo nem sequer tocar no tesouro pois tudo parece uma bobagem, pura estupidez: só pedras. Os diamantes me parecem simplesmente pedras, pedras comuns. Quando perco a consciência volto a ver o tesouro, parecendo muito belo, toda aquela ilusão.

Nagarjuna respondeu: Não vamos mais falar sobre ser ladrão e roubar. Não estou interessado; eu não sou ladrão. Agora você decide o que fazer!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A mente é uma mala cheia de coisas, por Satyaprem

A Observação introduz na sua vida a capacidade de ver que não existe nenhuma necessidade de se envolver com qualquer evento.

Você age com o momento, faz o que tem que ser feito, e quando termina, está terminado.

Existem muitas outras coisas em ocorrência.

Saiba: uma mente rica é cheia de eventos passados.

Uma mente pobre não tem eventos.

Pobreza significa não ter, não conter.

Por isso, permaneça vazio.

Até pode parecer que algum esforço é necessário, mas nada é exigido para que você exerça sua própria natureza.

A mente é uma mala cheia de coisas.

Você pode ir diminuindo o tamanho da mala, deixando somente o necessário.

Experimente!

Satyaprem - Diário
Brasil, 23/01/2012

http://www.satyaprem.com/diario.asp

domingo, 22 de janeiro de 2012

Aprendendo a conversar com Deus, por Nasrudin

Nasrudin, certa vez, estava sem um burrico que o ajudasse em seus afazeres.

Desesperado, sem ter meios de encontrar um, começou a orar, pedindo a Deus que lhe enviasse um burro.

- Deus, por favor, me ajude... me envie um burro!

Rezou por algum tempo e, certo dia, ao andar por uma estrada, deparou-se com um homem montado num burro e atrás levava um outro burro mais jovem.

Nasrudin aproximou-se do homem e este lhe disse:

- Mas que vergonha, eu estou trazendo um burro de tão longe, estamos todos esgotados, e aqui está este homem descansado, sem fazer nada!

E ameaçando-o com uma espada, completou:

- Vamos! Coloque o burrico nas suas costas e venha comigo até a próxima cidade!

Nasrudin, com medo, não disse nada, simplesmente colocou o burrico em suas costas e seguiu o homem. Andaram por várias horas e Nasrudin estava exausto de tanto peso.

Ao entardecer, chegaram na cidade mais próxima e o homem simplesmente fez Nasrudin descer o burrico das suas costas e seguiu adiante, sem sequer agradecer.

Nasrudin ergueu os seus olhos para o céu e disse:

- Está bem, Deus. Aprendi a minha lição. Na próxima vez serei mais específico...

O anúncio, por Nasrudin

Nasrudin postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão:

- Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício?

Logo juntou-se um grande número de pessoas, com todo mundo gritando:

- Queremos, queremos!

- Excelente! Era só para saber. Podem confiar em mim, que lhes contarei tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim.

A compreensão, por Osho

Eu nunca uso a palavra renúncia. Eu digo: - Regozije-se com a vida, com o amor, com a meditação, com as belezas deste mundo, com o êxtase da existência - regozije-se com tudo! Transforme o mundano em sagrado. Transforme estas paragens em outras paragens, transforme a terra num paraíso.

E então, indiretamente, uma certa renúncia começa a acontecer. Mas ela acontece naturalmente, não é você quem a faz. Não é um fazer, é um acontecer. Você começa renunciando à insensatez, renunciando ao lixo. Renunciando aos relacionamentos sem sentido. Renunciando aos trabalhos que não o preenchem. Renunciando aos lugares em que não é possível crescer. Mas eu não chamo isso de renúncia, eu chamo de entendimento, consciência.

Se você está carregando pedras na mão achando que são diamantes, não vou lhe dizer para renunciar a essas pedras. Direi simplesmente: - Fique atento e olhe direito! - Se você mesmo ver que não são diamantes, haverá necessidade de renunciar a elas? Elas cairão das suas mãos por sua espontânea vontade. Na verdade, se você ainda quiser carregá-las, será preciso fazer um grande esforço, será preciso uma enorme força de vontade para continuar carregando-as. Mas você não fará isso por muito tempo; depois que perceber que elas são inúteis, insignificantes, você não hesitará em jogá-las fora.

E, depois que suas mãos estiverem vazias, você poderá partir em busca de tesouros verdadeiros. E os tesouros verdadeiros não estão no futuro. Os tesouros verdadeiros estão no agora, aqui mesmo.

Extraído do livro "Consciência: a chave para viver em equilíbrio"