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sábado, 25 de fevereiro de 2012

O discípulo ladrão, conto zen

Havia um grande mestre, um mestre budista, Nagarjuna. Um ladrão veio vê-lo. O ladrão apaixonara-se pelo mestre, porque ele nunca vira uma pessoa tão bela, com tamanha graça.

Ele perguntou a Nagarjuna: - Existe alguma possibilidade de eu crescer também? Mas uma coisa eu quero lhe deixar clara: eu sou ladrão. E não vou deixar de ser, por isso não me imponha condições. Farei tudo o que disser, mas não vou deixar de ser ladrão. Isso já tentei várias vezes, nunca funciona, por isso já desisti. Aceitei meu destino, o de que vou ser ladrão para sempre, portanto, não toque nesse assunto. Vamos deixar tudo bem clado desde o princípio.

Nagarjuna disse: - Por que está com medo? Quem aqui vai falar algo acerca de você ser ladrão?

O ladrão respondeu: - Mas sempre que eu procuro um monge, um padre ou um santo eles dizem que primeiro tenho de parar de roubar.

Nagarjuna riu e disse: - Então você deve ter procurado ladrões; do contrário, por que diriam isso? Por que isso os preocupa tanto? Eu não estou nem um pouco preocupado.

O ladrão ficou muito feliz e disse: - Então tudo bem. Parece que agora vou me tornar um discípulo. Você é o mestre certo.

Nagarjuna aceitou-o, dizendo: - Agora pode ir e fazer o que quer que tenha vontade. Só há uma condição: fique consciente! Vá, arrombe casas, entre, pegue o que quiser, roube; faça o que tiver vontade, isso não me interessa, não sou ladrão; mas faça tudo isso com plena consciência.

Sem entender que estava caindo numa armadilha, o ladrão disse: - Combinado. Eu tentarei.

Depois de três semanas o ladrão voltou e disse: - Você me enganou... porque, se fico consciente, não consigo roubar. Se roubo, a consciência se vai. Fico num dilema. Quando fico consciente, subitamente... nenhuma motivação, nenhum desejo. Me torno como um buda, e então não consigo nem sequer tocar no tesouro pois tudo parece uma bobagem, pura estupidez: só pedras. Os diamantes me parecem simplesmente pedras, pedras comuns. Quando perco a consciência volto a ver o tesouro, parecendo muito belo, toda aquela ilusão.

Nagarjuna respondeu: Não vamos mais falar sobre ser ladrão e roubar. Não estou interessado; eu não sou ladrão. Agora você decide o que fazer!

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